Foto Kevin Fieldings, Faz. San Francisco, Pantanal de Miranda, MS. |
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Nomenclatura
Zoológica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classes: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Felidae
Gênero: Leopardus
Espécie: Leopardus pardalis
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Distribuição geográfica
Espécie de felino encontrada apenas no continente americano, a jaguatirica (Leopardus pardalis) ocorre desde o sul dos EUA (Texas) até o norte da Argentina, porém não habita altitudes maiores que 1200m. Não existem registros desta espécie nas áreas altas do Peru ou em qualquer lugar do Chile (Murray e Gardner, 1997). No Brasil ocorre em todas as regiões, à exceção do sul do Rio Grande do Sul (Oliveira e Cassaro, 1999).
Características físicas
A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio (11 a 16 kg), sendo considerado o maior dos pequenos gatos pintados do continente americano (Murray e Gardner, 1997). No Brasil, existem quatro espécies de gatos pintados de pequeno porte, todos semelhantes entre si, causando uma certa confusão na hora da identificação correta do animal (Oliveira e Cassaro, 1999). Além disso, duas dessas espécies são comumente chamadas de jaguatirica: Leopardus pardalis e Leopardus wiedii. A primeira é maior e mais robusta, possui manchas que formam listras nas laterais do corpo e tem a cauda mediana. Já a segunda é mais conhecida como gato maracajá e pode ser diferenciada por possuir a cauda bem longa, um corpo mais delgado e os olhos proporcionalmente maiores, dando um aspecto de “olho esbugalhado”.
Taxonomia
Leopardus pardalis é uma das oito espécies de mamíferos da família Felidae (ordem Carnivora) que ocorrem no Brasil (Oliveira e Cassaro, 1999). O gênero Leopardus possui mais duas espécies além da jaguatirica: L.wiedii (gato maracajá) e L. tigrinus (gato-do-mato pequeno). Também ocorrem em nosso país a onça-pintada (Panthera onca), a onça-parda ou suçuarana (Puma concolor), o jaguarundi ou gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi), o gato-palheiro (Oncifelis colocolo) e o gato-do-mato grande (Oncifelis geoffroyi).
Habitat
Embora as jaguatiricas geralmente evitem áreas abertas durante o dia, às vezes elas se alimentam nesses locais à noite. Ocorrem em uma diversidade de hábitats, florestas tropicais úmidas, florestas semidecíduas, áreas alagadas e matas ciliares. Porém, apesar da diversidade de hábitats em que as jaguatiricas ocorrem, elas não são generalistas quanto a seu uso, ao contrário, estudos de padrão de movimento indicam que elas estão muito associadas a áreas de vegetação arbórea densa, sugerindo que ocupam uma faixa muito mais estreita de micro-hábitats do que seria previsto por sua ampla distribuição geográfica (Emmons, 1988; Nowell e Jackson, 1996).
Alimentação
As jaguatiricas são animais carnívoros que, embora estejam aptas a caçar em árvores, estudos de sua dieta indicam que elas são caçadoras mais eficientes no chão. Alimentam-se de uma variedade de presas como aves, serpentes, lagartos, peixes e até caranguejos. Porém, as principais presas das jaguatiricas são mamíferos de pequeno porte (até 1 kg), especialmente pequenos roedores silvestres de hábitos noturnos (Emmons, 1987; Villa Meza et al., 2003; Concone, 2004).
Reprodução
Embora os filhotes possam se tornar independentes das mães após um ano de vida, o intervalo entre ninhadas em ambiente natural é de dois anos. A gestação dura entre 72 e 82 dias e o número de filhotes nascidos em geral é de um ou dois. Os recém-nascidos têm os olhos azuis, os quais só irão se abrir aos 14 dias de vida e mudarão de cor para o marrom após cerca de três meses de idade (Murray e Gardner, 1997; Eisenberg e Redford, 1999). Os filhotes começam a se sentar e a caminhar com três semanas, acompanham a mãe nas caçadas a partir de 4 a 6 semanas, e passam a ingerir alimentos sólidos com cerca de 8 semanas de idade. Eles são amamentados por até nove meses. Em vida livre as jaguatiricas podem viver por dez anos ou mais, e em cativeiro existem registros de animais com mais de 18 anos de vida (Murray e Gardner, 1997).
Conservação
A jaguatirica, assim como outras seis espécies de felinos brasileiros, está incluída na mais recente lista de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção (MMA/IBAMA, 2003). Até meados da década de 1980, a caça para o comércio de peles era a principal ameaça às populações de jaguatirica, porém hoje as maiores fontes de ameaça são o desmatamento, a fragmentação das florestas e o conseqüente isolamento genético dessas populações (Crawshaw, 1995; Bianchi, 2001). Estima-se que somente de 3 a 6% da distribuição original da jaguatirica esteja legalmente protegida (Nowell e Jackson, 1996).
Os felinos são predadores do topo da cadeia alimentar e a sua extinção acarreta em uma série de danos para o ecossistema. A maior parte das presas das jaguatiricas, e de outros felinos menores também, são roedores que se alimentam de sementes e brotos. Na ausência dos predadores as populações desses roedores aumentam de número e, conseqüentemente, o consumo de sementes e brotos também aumenta, o que pode levar a mudanças na composição de espécies da floresta e até à extinção de algumas espécies (Terborgh, 1990). Sem as jaguatiricas para ajudar no controle de suas presas, estas passam a competir ainda mais entre si, o que pode levar algumas espécies de presas também à extinção.
No Pantanal, a prática do turismo ecológico em propriedades rurais tem revelado o potencial econômico de espécies emblemáticas como a jaguatirica para o aumento dos dividendos advindos do turismo. Turistas mostram-se dispostos a pagar para ter a chance de avistar um animal como a jaguatirica em atividades de observação de animais silvestres, o que indica a importância destas atividades na conservação de espécies da nossa fauna dentro de propriedades rurais (Concone, 2004).
Responsáveis pelas fontes:
Henrique Villas Boas Concone
Rodiney de Arruda Mauro
Embrapa Gado de Corte
Ludmilla Moura de Souza Aguiar
Embrapa Cerrados
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