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dez 11, 2014
Josimar Lima do Nascimento

Iniciativas reúnem cientistas e estudantes integrando Educação e Ciência

Ano 10 – nº 1.289

 

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“É preciso observar o contexto histórico da ciência e tecnologia no Brasil e no mundo para compreender que o desenvolvimento econômico e social de um país depende e está relacionado ao tripé ‘Educação, Ciência e Tecnologia’”, palavras do ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina, em palestra durante a última Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrida em Rio Branco-AC. A afirmação ressalta os diferentes atores sociais relacionados à ciência e sua importância para uma real compreensão dos propósitos da educação científica, visão percebida nas últimas semanas na Embrapa, em Campo Grande-MS.


A mais recente delas refere-se às ações do programa de integração regional, Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia (CBAB/CABBIO), que visa consolidar os laços de cooperação entre os dois países, e trouxe para a capital do Estado, acadêmicos brasileiros, argentinos, paraguaios e uruguaios para um treinamento em “Desenvolvimento inovador de vacinas e métodos de diagnóstico de enfermidades animais”, com pesquisadores da Embrapa, FioCruz, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).


Em 90 horas/aula, os 15 estudantes adquiriram conceitos básicos de imunologia, biologia molecular, produção e purificação de proteínas recombinantes, desenvolvimento tecnológico de vacinas, proteômica, técnicas de imunodiagnóstico e moleculares e bioinformática em apoio à análise genômica. “Temos fortes estudos em biotecnologia animal e a internacionalização é fundamental para as pesquisas e formação de recursos humanos”, assegura Cristiano Marcelo Carvalho (UCDB), coordenador da iniciativa.


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Para alguns, como o doutorando em parasitologia, Jorge Miret, também especialista do Instituto de Investigação em Ciência da Saúde, da Universidade Nacional de Assunção (Paraguai), é um período de atualização de métodos e ferramentas e prospecção de parcerias futuras entre as organizações. Já para o biólogo argentino, Jose Manoel Jaramillo Ortiz com tese em desenvolvimento de vacinas para babesia bovina, é uma troca de “conhecimento e experiência. Uma oportunidade única de aprendizado e integração”. Miret e Ortiz destacaram os esforços dos países envolvidos na formação de novos talentos da Ciência.


Professor da Universidade Nacional de Mar del Plata e cientista do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), Fernando Alberto Paolicchi valida esse empenho lembrando o investimento físico, humano e financeiro necessários para a realização do treinamento, mas, principalmente, “para o fortalecimento científico e a consolidação de grandes trabalhos de pesquisa para e na América Latina, que resultarão em melhores produtos à disposição da sociedade”. Há 30 anos na área de educação e ciência, Paolicchi sente-se confortado ao perceber uma continuidade científica iniciada por seus contemporâneos e observa que “o Mercosul sem relações humanas de qualidade e bem construídas não obtém êxitos”. Ele ao lado do bioquímico Martin Jose Zumarraga (INTA) e do médico-veterinário Flábio Ribeiro Araújo (Embrapa) ministraram no curso as disciplinas referentes à tuberculose bovina e são parceiros em projetos.


“É um intercâmbio de ideias e compartilhamento de material para pesquisa”, comenta a pesquisadora Grácia Maria Soares Rosinha. Ela conta que é o terceiro curso em vacinologia realizada na Unidade da Embrapa, por meio do CBAB, e a cada novo grupo uma nova experiência, acrescentada à vida de cientistas e acadêmicos. Além de Grácia Rosinha e Flábio Araújo, Lenita Ramires dos Santos e Newton Valério Verbisck completam a equipe da Empresa. Pela UCDB e UFMS estão os professores Cristiano Carvalho, Carina Elisei de Olivera e Nalvo Franco de Almeira Jr.; os especialistas da FioCruz, Jislaine Guilhermino e Ana Tereza Guerrero; e como palestrante convidado, Sergio Shigueraro Tutya, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


No meio da Jornada – Eles ainda não estão em intercâmbio internacional, mas o caminho está trilhado. Há dez anos, o Centro realiza a Jornada Científica da Embrapa Gado de Corte (JCEGC), ocupando um lugar de destaque no calendário de eventos local, com o objetivo de valorizar o trabalho de estagiários, bolsistas e pós-graduandos que colaboram com estudos na Unidade. Ano a ano, a Jornada tornou-se uma vitrine de talentos e muitos pesquisadores que hoje compõem o quadro profissional da Empresa passaram pela experiência.


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Divididos em categorias – Doutorado/DCR, Mestrado/Apoio Técnico e Iniciação Científica, os estudantes apresentam as pesquisas da Empresa em suas mais diversas linhas, sanidade animal e vegetal, melhoramento genético animal e vegetal, nanotecnologia, tecnologia da informação, dentre outras. Este ano foram 43 resumos sob a responsabilidade das pesquisadoras Grácia Rosinha e Alexandra Rocha de Oliveira.


Os premiados de 2014 foram: Doutorado/DCR – Nayana Nazareth Nantes, Anna Letícia Rigo Munhoz Louzan e Isabella Maiumi Blecha; Mestrado/Apoio Técnico – Gustavo Garcia Santiago, Bruno Ferreira dos Santos e Marrielen Bertolacci; e Iniciação Científica – Renata Faria Tolentino, Glenda Moreira Weis e Juliana Souza, conduzidos pelos especialistas Valéria Pacheco, Grácia Rosinha, Fabiana Siqueira, Lucimara Chiari, José Raul Valério, Cacilda Borges do Valle e Denise Montagner.


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Despretensiosamente e estreando em encontros técnico-científicos, Renata Tolentino, se dispôs apresentar um trabalho sobre o manejo do capim Mombaça, mesmo sem a obrigatoriedade de participar, e conquistou o 1º lugar na categoria Iniciação Científica. Para a jovem estudante de Agronomia a vivência “tanto na Jornada quanto na Embrapa trouxe uma realidade para o que é ensinado na faculdade e aproximou o universo da pesquisa ao cotidiano”.


Sua orientadora, Denise Montagner, foi bolsista em 2006 e coordenou em 2013 a JCEGC como pesquisadora, e acredita “que ter sido bolsista ajudou a conhecer o processo, entender o que os alunos passam, os seus medos e a emoção de concorrer ao prêmio. A Jornada Científica serve de incentivo para a introdução à C&T, pois fortalece o treinamento do aluno em várias formas: redação do resumo científico, preparo da apresentação, treinamento para apresentar em público, controle emocional, enfim, atitudes que fazem parte da construção do perfil de um futuro docente ou pesquisador”.


Primeiros passos – Já os participantes da Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul (Fetec/MS) são estudantes da rede pública ou privada de Ensino Fundamental, Médio e Técnico, integrado ou profissionalizante que apresentam projetos nas mais diversas áreas do conhecimento Ciências Exatas e da Terra; Ciências Biológicas; Engenharia; Ciências da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Humanas; Ciências Sociais e Aplicadas; Linguística, Letras e Artes.


A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sediou esta edição da Fetec/MS, organizada pelo Instituto de Química e Faculdade de Computação da UFMS, InterCiências, Ofi Ciência e Grupo Arandú de Tecnologias e Ensino de Ciências, com apoio de diversas instituições, como Fundect, Sebrae e CNPq e as propostas finalistas concorreram, dentre outras premiações, a vagas na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace 2015) e a dez bolsas de iniciação científica júnior. Os técnicos e bolsistas de pós-graduação colaboraram como avaliadores desta 4ª edição e ao final selecionaram o melhor trabalho, premiando com uma vaga no curso de inseminação artificial, realizado, periodicamente, na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande-MS.


Uma formação científica básica desde o início do processo escolar é primordial. Todas essas abordagens contribuem, de forma decisiva, para que os jovens motivem-se a seguir carreiras científicas e tecnológicas, refletindo no desenvolvimento do país e da cidadania.

 

Redação e fotos: Dalízia Aguiar

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