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Palestra sobre as perspectivas da carne aborda a importância da ciência e do engajamento político no setor

ANO 7 – Edição 1.098

O acesso ao mercado exterior é como uma corrida de obstáculo, a cada nova barreira transposta há de se ver a chegada de novos mercados. Quem compartilha dessa visão é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína – Abipecs, Pedro de Camargo, que ministrou ontem na Unidade, o seminário “Perspectivas do mercado de carnes no mundo”.{jcomments on}

 

Mas um pouco diferente da modalidade olímpica, esse atletismo comercial enfrenta barreiras mais complexas. Para que o setor produtivo da carne conquiste ganhos significativos nas exportações, a sua medalha de ouro, ele precisará antes superar três estágios: técnico, tarifário e comercial – que englobam uma série de conjuntos e fatores de negociação decisivos na hora do arremate.


Camargo aconselha que o primeiro passo, para vencer tais barreiras, é manter a casa em ordem. Para ele, a cadeia produtiva tem que ter a consciência de que antes de dar início à rodada de negociação é necessário tratar das questões de sanidade animal. No caso da carne suína, conta Camargo, que por um tempo o setor ficou sem avançar por causa da questão sanitária.

“Houve uma grande melhora depois do acordo da Organização Mundial do Comércio – OMC que determinou que não se poder erguer barreiras sem fundamento científico. Isso gerou um grande avanço, porque os países não puderam mais impor uma barreira sanitária por “achismos”, somente com base na ciência, explicou” Camargo.

A nova realidade difundida pela OMC permitiu que o debate da Defesa Sanitária Animal fosse tratada dentro de parâmetros precisos, conferindo a causa maior conformidade nos critérios de negocião. Dentro desse âmbito surgi, subjacente ao debate da ciência, o viés retórico associado a uma postura política que segundo Camargo é o calcanhar de aquiles do Brasil.

“Para que saber o que é uma barreira sanitária justa ou injusta a ciência brasileira tem que aparecer. Muitas vezes aceitamos a ciência do país importador, buscamos nos enquadrar a ela e tocamos para frente. Por que não estamos na condição de contestar. Veja no caso da febre aftosa, ainda aceitamos o que é imposto pelos órgãos internacionais. Mas estou convencido de que o comércio de carne não transmite febre aftosa. Partindo desse ponto teríamos que alterar as regras e convencer o mercado do contrário”, comentou Camargo.

Todavia, na visão do presidente da Abipecs as limitações para a carne do Brasil pela presença da aftosa está ligada mais a um desacordo do setor privado do que um problema técnico. Falta, como salienta Camargo, um poder de argumentação que revire o jogo, “pois temos a ciência do nosso lado”, completou. Essa situação é o principal fator que contribui para uma desvantagem competitiva que afeta diretamente o saldo econômico da cadeia produtiva.

Pessimismos à parte, Camargo não tem uma visão desanimadora sobre a carne brasileira, pelo contrário, para ele os entraves existentes hoje são combatidos com maior veemência, seja por parte do governo, da diplomacia brasileira ou até mesmo do setor privado. O que falta realmente para o brasil no final das contas é mais treino.

 

Redação: João Costa Jr

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