7ª Jornada arrecada mais de 200 litros de leite e mostra que se pode gerar cidadania com ciência

Ano 7 – nº 1126

A duas semanas da 7ª edição da Jornada Científica da Embrapa Gado de Corte, o comitê organizador encerrou outubro com as atividades de pré-jornada e faz entrega do leite arrecadado na inscrição.

Neste ano foram entregues mais de 200 litros de leite, a entidade Lar das Crianças com Aids, administrada pela Associação das Irmãs Franciscanas Angelinas (AFRANGEL). O lar é a única entidade no Mato Grosso do Sul que atende crianças portadoras do Vírus HIV, mantendo-se ativo apenas com doações. O espaço oferece atividades como reforço escolar, terapia ocupacional, fonoaudiologia, acompanhamento psicológico, nutricional, odontológico e espiritual.

Hoje, a casa cuida de aproximadamente 30 crianças, além de prestar assistência a 110 famílias com algum membro vivendo com HIV/Aids, em todo Estado. Elas recebem formações e cestas básicas mensais. Esse trabalho é feito gratuitamente.

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Pré-jornada

Fechando as atividades de pré-jornada de outubro, o comitê organizador da Jornada trouxe a reflexão sobre o trabalho e as relações humanas com a palestra “Trabalho-Transformação do mundo e transformação do homem” ministrada pela professora de psicologia social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, Inara Barbosa Leão, que explicou um pouco sobre a condição psicossocial do trabalho na formação da espécie humana.

Segundo Inara é por meio do trabalho que tanto o homem, quanto o mundo que o envolve, é construído. Logo, o trabalho representa um processo de humanização que prepara os indivíduos a viverem em sociedade, dando a cada um os instrumentos necessários para produzir e reproduzir a existência.

A atividade laboral propícia uma condição psicossocial que forma a espécie humana a partir de um “fazer” que amplia a disponibilidade de ferramentas. A linguagem é um exemplo disso. Na medida em que uma criança vai se relacionando ela interioriza os elementos externos e, consequentemente, aprende o universo pratico e simbólico da sociedade.

Um dos pontos interessantes da palestra foi o diagnóstico sobre a situação do trabalho nos dias atuais. Conforme Inara, hoje as relações de trabalho estão pautadas por um clima ameaçador onde os indivíduos não se vêem como companheiros, mas como adversários. Ela explicou que esse comportamento é resultado de uma série de mudanças, entre elas, o progresso tecnológico que reduziu os postos de trabalho e acirrou a disputa entre os indivíduos.

Para ela não é mais estranho ver duas pessoas que trabalham em uma mesma empresa se tratarem de modo ríspido, ou mesmo, não agirem em conjunto. Esse estado reflete os efeitos da sociedade neoliberal que transformou tal ambiente em uma disputa entre indivíduos privados. A luta se alimenta da escassez, da mitigação e do empobrecimento dos laços sociais.

Contudo, ressalta Inara, que apesar de parecer caótico a situação do trabalho, há otimismo. Para ela ainda existe espaço para mudanças. As novas gerações estão em contato com novos instrumentos de interação que impactam as relações sociais como um todo. Mesmo sem apontar para uma direção clara, ela diz que a melhor dica neste momento é ter um pouco de gentileza, retribuir um bom dia com um sorriso, pois mesmo que isso não mude as coisas, é o começo para que se vislumbre um ambiente de trabalho melhor.

Redação: João Costa Jr.