Podem ser os mais variados. Geralmente, são as palhadas que sobram na lavoura ou ao lado das trilhadeiras, após a colheita de grãos. Podem ser usadas na alimentação de bovinos, entretanto, são de baixo valor nutricional, pois são ricas em fibras, têm baixo teor proteico e energético. Usualmente, são empregados como parte da ração volumosa, sendo suplementadas por grãos e farelos para o balanceamento de nutrientes. As palhadas de milho são melhores que as de arroz, que, por sua vez, são melhores que as de trigo e aveia, soja e feijão, por exemplo. Entretanto, nenhuma delas é capaz de, sozinha, manter o peso de um animal adulto por longo período. O pastejo de áreas de cereais após colheita por curtos períodos (30 dias a 60 dias) costuma dar bons resultados, especialmente em função da ingestão de grãos residuais.
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Quais os restos de cultura que podem ser aproveitados na alimentação de bovinos?
Dentre os produtos agrícolas disponíveis para uso na alimentação de bovinos, destacase a parte aérea da mandioca (Manihot utilissima), em virtude de seu valor nutritivo. O farelo da parte aérea da mandioca apresenta um valor médio de 17% de proteína bruta, alcançando, nas folhas, valores entre 28% a 32%. Nas condições de cerrado, têm sido registrados rendimentos de matéria fresca da parte aérea entre 18 t/ha e 22 t/ha. Pode ser fornecida fresca ou na forma de feno. Quando utilizada na forma fresca, e sendo mandioca brava, aconselha-se fazer a murcha por um período mínimo de 24 horas. Esse material também pode ser ensilado.
A composição do concentrado vai depender da disponibilidade de ingredientes. Um bom concentrado deve ter baixo nível de fibra, de 16% a 20% de proteína bruta e deve conter minerais que atendam às exigências do animal. Os bezerros preferem concentrados com textura não muito fina. A variabilidade dos ingredientes melhora a aceitação. Entretanto, bons resultados têm sido conseguidos com ração composta apenas de milho com farelo de soja (21%) e minerais, ou milho com ureia (2% a 3%) e minerais. Além do concentrado, os bezerros devem receber um bom volumoso, como feno ou capim verde picado, ou ter acesso a uma pastagem de boa qualidade.
As pastagens tropicais, de maneira geral, não apresentam qualidade suficiente para atender às exigências nutricionais de bezerros desmamados aos 90 dias. Assim sendo, é recomendável a suplementação com concentrado, durante 2 a 3 meses, sob pena de o bezerro ter o seu desenvolvimento comprometido.
Por razões econômicas, deve ser estabelecido um limite na quantidade fornecida (1,0 kg a 1,5 kg) de ração por 100 kg de peso vivo), dependendo da qualidade do pasto e do objetivo a ser alcançado.
A desmama precoce como forma de melhorar a condição corporal de matrizes, ao liberálas da lactação, não é uma prática regularmente indicada, pois é perfeitamente possível desmamar animais com 7 meses e vacas com bom estado corporal apenas se valendo de pastagem e adequada suplementação (sal mineral/sal mineral com ureia).
Na engorda de novilhos jovens, a exigência alimentar é grande, pois eles têm de manter seu organismo, crescer e engordar. O mesmo acontece com vacas paridas pela primeira vez. Elas têm exigência nutricional para a mantença, para o crescimento (porque ainda são jovens), para a producão de leite e, muitas vezes, também para a gestação, tudo ao mesmo tempo. Vacas secas adultas e bois adultos em manutenção têm baixa exigência alimentar, pois não estão em produção.
É importante monitorar o consumo para avaliar se ele está dentro do planejado. Uma vez que ele esteja abaixo ou acima, podem ser feitos ajustes na fórmula, particularmente nos níveis de sal e de ureia, para tentar fazer o consumo chegar ao valor desejado.
Qual a composição recomendada da mistura múltipla para suplementação de bezerros desmamados?
Varia de acordo com o objetivo da suplementação:
• Necessidade de fornecimento de quantidade considerável de energia, via concentrado, para suprir a falta de pasto (situação gerada em função de excesso de lotação, seca prolongada ou ocorrência de geada): para esses casos, têm sido sugeridos suplementos à base de fubá ou rolão de milho (60% a 80%); farelo de soja (10% a 15%); ureia (5% a 12%); sulfato de amônio (0,3% a 0,6%); fosfato bicálcico (1% a 2%) e sal comum (5% a 10%) ou sal mineral (8% a 10%). O consumo esperado desse tipo de mistura, por animal de recria, é da ordem de 1,5 kg/cab./dia a 3,0 kg/ cab./dia, dependendo das proporções de sal e de ureia na mistura.
• Evitar excessivas perdas de peso durante a seca, em decorrência da baixa qualidade das pastagens: Misturas com maiores teores de sal e de ureia têm sido utilizadas. Essas misturas, de maneira geral, têm sido feitas com 5% a 12% de ureia e enxofre; 10% a 15% de sal branco; 8% a 10% de sal mineral; 15% a 40% de uma fonte de proteína verdadeira (farelo de soja ou algodão); e 20% a 30% de uma fonte de energia (milho ou sorgo). A quantidade consumida deverá ser da ordem de 0,3 kg/cab./dia a 0,8 kg/ cab./dia, dependendo das proporções de sal e de ureia.
Em que consiste a chamada mistura múltipla para suplementação do gado na seca? Para que serve?
É a associação de ureia, minerais e fontes naturais de energia (como o milho, sorgo, raspa de mandioca) com fontes de proteína verdadeira (como o farelo de algodão, de soja, de amendoim, etc.), visando corrigir múltiplas deficiências que, comumente, ocorrem nas pastagens durante a época de seca.
A mistura pode ser manipulada para permitir a ingestão de nutrientes nas quantidades desejadas, e o consumo da mistura pode ser regulado, variando-se a concentração de sal comum. Nessas misturas, geralmente se utiliza a ureia, por ser economicamente vantajoso, recomendando-se seguir os cuidados para evitar a intoxicação do animal. Esse tipo de mistura pode constituir-se em uma alternativa interessante para animais de cria e de recria sujeitos a grandes perdas de peso pela baixa qualidade de pastos. Também tem sido utilizada na engorda de bovinos a pasto com suplementação, durante a seca.
Na pecuária brasileira, os bovinos de corte são criados só com pastagens (que é um volumoso) e sal mineralizado (um suplemento mineral). Se a pastagem é bem formada e manejada e a suplementação mineral for adequada, é possível produzir um boi gordo aos 36 meses de idade. Entretanto, em outros sistemas de produção, em que se quer animais acabados mais cedo ou com maior peso, devem ser utilizados também outros alimentos energéticos e suplementos proteicos para melhorar a alimentação e, consequentemente, aumentar a taxa de ganho em peso. Esses podem ser fornecidos em cochos, no pasto (suplementação a pasto), ou associados a alimentos volumosos, nas rações para confinamento.
Para que as rações produzam maior ganho em peso, é preciso balancear a quantidade de cada um dos alimentos, de forma que a mistura final seja capaz de atender às exigências do organismo da categoria animal que se vai alimentar. Alimentos que estimulem a ruminação, notadamente volumosos, têm sempre de estar presentes na dieta dos bovinos, pois os ruminantes precisam receber, obrigatoriamente, uma certa quantidade de fibra para poder manter o rúmen em bom funcionamento.
É possível fazer misturas com vários ingredientes concentrados sem qualquer problema. Todavia, quando se faz a mistura da ureia com a soja crua, por esta conter uma enzima (urease) que libera o nitrogênio da ureia, já se pode perceber um forte cheiro de amônia após 1 ou 2 dias. Além disso representar perda de nitrogênio, ou seja, de proteína, os animais refugam essa mistura por conta do mau cheiro. Isso pode ocorrer com qualquer outro ingrediente que tenha quantidade apreciável da urease. Por exemplo, isso pode ocorrer com a soja tostada e mesmo o farelo de soja e pode ser um indicativo de que o processo de tostagem destes não tenha sido suficientemente intenso para desativar essa enzima. Felizmente, a menor tostagem não representa nenhum perigo para ruminantes (bois, vacas, carneiros, etc.), sendo realizada em função do uso desses ingredientes pelos monogástricos (porcos, galinhas, cavalos, etc.).