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O olhar empreendedor do Sistema ILPF

Ano 9 – nº 1.242

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A 500 quilômetros de casa, o produtor rural Nilvo de Souza Moraes, de Jataí-GO, não viu eucaliptos no experimento de Integração Lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Dentro dos ensaios, no campo experimental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Campo Grande-MS, sob o pé da floresta plantada, Nilvo vislumbrou o futuro. Integrante do Curso de ILPF, oferecido pela Embrapa Gado de Corte a produtores e técnicos, ele enfrentou o calor de uma manhã sul-mato-grossense, junto com outros tantos técnicos que ali estavam. O objetivo do grupo era conhecer na prática as vantagens do Sistema.

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O Sistema de ILPF é uma alternativa que busca equilibrar meio ambiente e homem, valorizando ambos, com a finalidade de aumentar a produção e a viabilidade econômica da atividade agropecuária. O ponto forte da tecnologia é a diversificação e a integração dos diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área. O produtor pode optar por cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, a fim de que haja benefícios para todas as atividades. Não existe restrições geográficas ou de tamanho de área produtiva, qualquer produtor no território brasileiro pode implementar o sistema.

 

A possibilidade de adotar em sua região atraiu Nilvo. Segundo o produtor, o ILPF é uma inovação dirigida ao consórcio de cultivares que traz diversas vantagens para sua região. “Nossas pastagens são antigas, a minha tem 14 anos e nunca mexi nela. Hoje, noto um declínio na capacidade de produção da minha fazenda. O ILPF é uma chance de renovação”, comentou Nilvo. Para o produtor o uso do eucalipto, por exemplo, é mais do que uma técnica, representa uma oportunidade para recuperar o fôlego produtivo e construir bases para um futuro mais sólido.

 

O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Manuel Cláudio Motta Macedo, especialista em solos ressalta que a integração diminui custos de adubação, minimiza danos e perdas no investimento e aumenta a matéria orgânica do solo. Esses três fatores quando associados reduzem o gasto de produção, fortalecem o lastro econômico da propriedade, na medida em que o produtor passa a contar com fontes diversas de rendimento, além de melhorar as condições do solo.

 

Tais características são para o zooctenista, João Paulo de Deus, um dos principais fatores que tem atraído produtores bolivianos a adotar o modelo de integração lavoura-pecuária. “O sistema ILPF ainda não é uma realidade na Bolívia por causa do uso das matas, que na Bolívia tem sua peculiaridade. Porém, a integração lavoura-pecuária é outro caso. Esse tipo de sistema se mostrou um grande aliado na proteção do solo voltado para pecuária evitando a predação do campo”, completou João Paulo.

 

Negócios

As vantagens do Sistema são inegáveis, porém o que nem sempre fica explícito é a relação dele com o empreendedorismo. Na visão do analista de negócios e contratos da Embrapa, Ronney Mamede, empreendedorismo não é apenas a força motriz que impulsiona o agronegócio brasileiro, mas uma habilidade que procura “criar novas oportunidades de negócio e introduzir tais ideias no mercado”. A partir dessa vontade o mercado adquire novos contextos produtivos gerando maior dinamicidade a uma região inteira.

 

“Se pegarmos o caso do ILPF, o sistema pode ser considerado uma oportunidade de negócio, bem como, uma luz para o espírito de empreendedor no campo”.  Essa ideia, de acordo com Mamede, está ligada com as mudanças de percepção do mercado e suas reais necessidades. A tendência do mercado é atribuir mais valor a produtos que sejam fruto “de processos mais eficientes e menos agressivos ambientalmente”, explicou. Em linhas gerais, quando consumidores, distribuidores e varejistas, isto é, todos os agentes envolvidos no negócio veem com clareza o “o valor” do produto, o retorno tende a ser maior para quem produz.

 

Em uma análise feita por Mamede e outros pesquisadores da Embrapa, o ILPF se apresentou como uma oportunidade de negócios, pois existe uma real necessidade de mercado para os diferentes produtos do sistema. Vale ressaltar que dentro do sistema de ILPF são obtidos produtos como carne bovina e ovina, leite, soja, milho, sorgo e madeira, que são commodities com mercado bem estabelecido.  Mamede ainda salienta que o sistema também é capaz de gerar diversos serviços ambientais, “que para a maioria dos produtores não são ainda remunerados, embora contribuam para uma maior lucratividade do sistema”, completou.

 

Porém se o ILPF atende uma real necessidade do mercado, ele também é altamente atrativo em um horizonte temporal mais longo, em vista do ciclo produtivo do componente florestal, assim como, o sistema permite um foco de gerenciamento claramente definido já que trabalha com o manejo de diferentes produtos, fator que potencializa os resultados. O Sistema ILPF proporciona vantagens competitivas sustentáveis ao produtor. Nesse viés a soma de tais fatores contribue para o potencial de lucratividade do sistema.

 

Muito embora haja vantagens na adoção do iLPF, ele requer do produtor maiores cuidados. Mamede ressalta que “o sistema é mais complexo, por isso de ser melhor pensado”. No final, aderir ao ILPF é uma questão de olhar adiante e enxergar como o produtor Nilvo, sob o pé dos eucaliptos, o futuro que trará boas oportunidades de negócio.

 

Redação: João Carlos Jr.

 

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