A funcionalidade “Demandas” entrou em operação no aplicativo Pasto Certo, em setembro de 2019. Seu objetivo foi abrir um espaço para produtores rurais e técnicos apresentarem suas principais demandas, dificuldades e expectativas em relação às cultivares forrageiras. O levantamento de demandas é derivado da ação realizada pelo Portfólio de Pastagens da Embrapa (2019), sob responsabilidade da presidente do Comitê Gestor do Portfólio, Patrícia Menezes Santos, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) e líder do Projeto Pecuária do Futuro.
Agora, após quase um ano de coleta, os pesquisadores apresentam, internamente, o retorno dessa captação. Do total de respondentes, 72,1% foram produtores rurais; os outros 27,9% se dividiram entre consultores, técnicos, pesquisadores e professores, da iniciativa pública e privada.
Entre os produtores, o Bioma predominante é o Cerrado com 44,5%, seguido pela Mata Atlântica (25,1%) e Amazônia e Caatinga (12% cada), desenvolvendo bovinocultura de corte nas fases de cria (22,1%), ciclo completo – cria/recria/engorda (20,1%) e bovinocultura de leite, 16,7%, em sua maioria. Tais atividades ocorrem em 24,6% de áreas de pastagens entre 101 e 500 hectares; 22,9% entre 11 e 50 ha; e 19,3% em até 10 hectares.
Ao se olhar para as técnicas adotadas na propriedade durante o planejamento e utilização de pastagens, 12,6% dos bovinocultores fazem pastejo rotacionado; 9,3%, controle de invasoras; 9%, análise de solo; 8,7%, correção do solo com calcário; e 8,2% pastejo contínuo.
O capim marandu, por sua vez, permanece em alta em 17,3% das propriedades, seguido pelo capim mombaça, 12,8%. Entretanto, há espaço para braquiarinha, braquiária humidicola, capim massai, BRS Piatã, andropogon, capim elefante e capim xaraés e BRS Zuri. A escolha por tais capins, segundo os empreendedores rurais, passa pela resistência à seca (12%), baixa exigência em fertilidade do solo (9,4%), qualidade nutricional (8,3%), menor custo de manutenção (8%) e implantação (7,9%), recomendação técnica (7,8%) e razões adversas, que correspondem a 10,3%.
Um dado relevante é que 56,1% dos produtores não recebem assistência técnica, apesar de reconhecerem sua necessidade. Já 15,8% têm consultoria particular para a atividade, 14% tem consultoria técnica vinculada à empresa de insumos e/ou sementes, e somente 9,2% recebem assistência do sistema público de ATERs. Além disso, o elevado custo de implantação/substituição do pasto, a baixa fertilidade natural do solo, que exige elevadas correções para manutenção, e a redução da produção de pastagem na estiagem estão entre as principais dificuldades.
O pesquisador Sanzio Barrios, um dos idealizados do Pasto Certo, explica que essas informações servirão para alinhamento dos programas de melhoramento. “O objetivo é utilizar todas essas informações para o nosso público interno, como o Comitê Gestor do Portfólio – que já conheceu os resultados -, os pesquisadores, os gestores das diferentes Unidades que atuam com melhoramento de forrageiras e a Unipasto – parceria da Embrapa na área. Nosso intuito é auxiliar no norteamento das agendas de pesquisa”, espera o melhorista da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS).
A funcionalidade “Demandas” é de fluxo contínuo, assim o acompanhamento e retroalimentação permanecerá. Pontos como tamanho do rebanho, sistema de produção predominante, acesso a informações sobre forrageiras tropicais, canal de comunicação e nível tecnológico também são conhecidos, por meio da funcionalidade.