Em parceria, pesquisas avançam pelos Estados

A demanda por soluções tecnológicas cresce a cada ano, o que provoca a busca por parcerias eficientes e sólidas. O projeto Pecuária do Futuro tem estimulado essas articulações para otimizar as entregas previstas. Saiba como a Embrapa Informática Agropecuária, a Embrapa Gado de Corte e a Embrapa Pantanal se mobilizam para buscar parceiros.

A equipe da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP) mobilizou-se para fechar duas relevantes para o Pecuária do Futuro, uma com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e outra com a Boviplan.

Pesquisador Luís Gustavo Barioni (Campinas-SP). Foto: Nadir Rodrigues

O pesquisador Luís Gustavo Barioni conta que, por meio da Boviplan, chegou à empresa Catwork, de Campo Grande (MS), desenvolvedora de softwares. Enquanto essa desenvolver o aplicativo para o projeto, a Boviplan auxiliará na coleta de dados e transferência da tecnologia. O aplicativo planejado por Barioni é peça-chave do projeto e vai permitir o planejamento da produção pecuária.

“A ideia é disponibilizar uma ferramenta para orçamentação forrageira e a integração da coleta de imagens para a estimativa de biomassa”, explica o engenheiro agrônomo. O modelo deve ser recalibrado o tempo todo, a partir da estimativa de biomassa obtida pelo processamento de imagens coletadas por drones e satélites. A ponte entre as duas empresas representa um ganho para o Pecuária do Futuro. A parceria está em fase de formalização e os documentos já foram apresentados.

A articulação com o CPqD, por sua vez, será concretizada por uma submissão de projeto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em negociação. O edital para iniciativas envolvendo “Internet das Coisas” aceita propostas sobre conectividade. “O aplicativo tem dois gargalos: a conectividade que permitirá a transmissão de dados de onde eles forem coletados para que sejam armazenados e processados; e a própria infraestrutura para quem vai construir o app armazenar e processar esses dados. Isso por que não haverá apenas informação local. Será preciso uma estrutura de servidores e banco de dados para que funcione”, detalha.

Segundo Barioni, para que o aplicativo esteja disponível para uso precisa tornar-se um serviço. A Embrapa Informática Agropecuária, por meio do projeto AgroAPI, desenvolve uma plataforma de APIs (Application Programming Interfaces), a qual permite disponibilizar o serviço de forma adequada para empresas parceiras ou desenvolvedores de softwares independentes.

O projeto Pecuária do Futuro se beneficiará da infraestrutura para disponibilizar a tecnologia e prestar o serviço às empresas parceiras. Neste momento, o modelo de negócios está em trâmite na Sede (Brasília-DF).

Na submissão ao BNDES, a Unidade pretende atuar em conectividade e middleware, que é a infraestrutura que recebe os dados de vários sensores (fontes), os armazena adequadamente e processa eventos complexos. É o middleware que comunica a informação que chega de fora e entra no aplicativo. “É ele que faz o meio de campo”, resume Barioni.

A Embrapa Informática Agropecuária pretende firmar ainda uma parceria com uma empresa de drones. “É estratégico. Quem constrói a aeronave também presta serviço e essas empresas estão na ponta do mercado. Têm drones mais sofisticados do que os que usamos e seria interessante testarmos esses equipamentos em nossas pesquisas.”

Pelo Pantanal …

Cheia no Pantanal. Foto: Nicoli Dichoff

A equipe firmou, recentemente, uma parceria entre a Empresa e o curso de computação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o que permite a obtenção, o processamento e a análise de imagens de satélites, que compõem o conjunto de dados utilizados nos levantamentos do sistema de monitoramento das inundações na região pantaneira, o GeoHidro-Pantanal.

“Também fizemos contato com uma startup que funciona dentro do Sebrae/MS, em Campo Grande, que tem uma metodologia de estações meteorológicas automáticas de transmissão de dados”, conta o pesquisador Carlos Padovani.

Já o Sistema de Alerta de Risco de Incêndio para o Pantanal (Saripan) é coordenado pela pesquisadora da Embrapa Pantanal Balbina Soriano. Ela destaca que um trabalho conjunto realizado com o pesquisador Marcelo Narciso, da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), levou ao desenvolvimento de um software que determina o risco de incêndio para a região em função de variáveis climáticas.

“Existem vários métodos na literatura que estimam esse risco”, afirma. Balbina escreveu um artigo determinando qual seria o melhor método e o resultado foi a fórmula de Monte Alegre, que analisa precipitação e umidade relativa do ar para determinar o grau de risco. “Temos que reunir diversos dados de clima para poder fazer os cálculos”, comenta a pesquisadora. O sistema automatiza e disponibiliza a informação aos usuários, difundindo a pesquisa entre interessados e afetados pelo cenário.

O grupo também entrou em contato com empresas privadas como a Climatempo, a fim de discutir a possibilidade de desenvolver um sistema de fornecimento de dados hidrometeorológicos. “A informação seria disponibilizada gratuitamente no site deles. Parte da informação de maior precisão, qualidade e detalhamento pode ser vendida aos interessados”, planeja Padovani.

Outra busca por parcerias está em Mato Grosso por meio de contatos com instituições como o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), Senar-MT, Associação dos Criadores de MT (Acrimat), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) e Federação de Agricultura e Pecuária de MT (Famato). O objetivo é estabelecer meios para permitir o monitoramento da cheia no Estado, que igualmente sofre a influência das inundações anuais na planície.

Pelos anos…

No ano passado, a Embrapa e a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) assinaram um novo acordo de cooperação técnica, renovando por mais dez anos a parceria iniciada em 2001.

A Unipasto reúne, atualmente, 31 empresas sementeiras, distribuídas pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Bahia. Responsável por atender a demanda interna, o grupo lidera grande parte da exportação de sementes forrageiras tropicas.

Essa extensão proporcionou avanços no desenvolvimento de cultivares de forrageiras tropicais, a partir de suporte financeiro e logístico aos programas de melhoramento, executado pelas Unidades Acre, Cerrados, Gado de Leite, Pecuária Sudeste e Gado de Corte. As atividades envolvem os gêneros AndropogonArachisBrachiaria, Cajanus, Panicum, Paspalum, Pennisetum e Stylosanthes de forrageiras, entre gramíneas e leguminosas.

Os Planos Anuais de Pesquisa (PAT) e de Transferência de Tecnologia (PATT) são construídos, coletivamente, com a participação de pesquisadores e especialistas da Embrapa e técnicos da Unipasto. A cada ano, o grupo se debruça sobre a realidade das gramíneas, gargalos, necessidades, tendências e propõe novos alinhamentos, iniciativas e inovações.

“Hoje essa parceria é nosso pulmão, não somente pelo fato de aportar recursos financeiros e humanos, mas principalmente pelas ações de transferência de tecnologia. Quem chega ao campo não somos nós Embrapa, mas os técnicos, eles transferem nossas cultivares na intensidade e capilaridade que precisamos”, afirma o melhorista Sanzio Barrios.

Sintonia, mesmo que em passos distintos é o que buscam as equipes da estatal e da iniciativa privada. Assim eles conseguem manter os lançamentos, como os mais recentes BRS Ipyporã e BRS Quênia e projetar o futuro, como o aplicativo Pasto Certo, inserido no Pecuária do Futuro. Atualmente, a Unipasto é responsável pelo contrato com a empresa Olimpo  e desenvolve a versão iOS e inglês/espanhol do app.