Está em fase de negociação com a Cooperativa de Produtores Rurais Coopercitrus, de Bebedouro (SP), o desenvolvimento de um aplicativo para diagnóstico de pasto degradado.
A Embrapa, em parceria com stakeholders, por meio do projeto Pecuária do Futuro, desenvolveu e validou um protótipo que integra informações espaciais e temporais para suporte ao diagnóstico de pastagem. As pessoas têm dificuldade em fazer um diagnóstico adequado das condições do pasto e se precisa ser recuperado (ajustar manejo, corrigir solo etc.) ou reformado (prepara a terra e planta novamente a pastagem).
Aconteceu no dia 20 de agosto, na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), a terceira reunião de stakeholders do Pecuária do Futuro. A relação com esse grupo começou antes da concepção do projeto, em 2014, e vem evoluindo constantemente, por meio de contatos presenciais e virtuais.
Neste terceiro encontro, os stakeholders tiveram acesso a três protótipos de ferramentas que estão sendo criadas a partir de pesquisas envolvendo vários centros da Embrapa. A finalidade é apoiar o pecuarista na hora de tomar decisões relativas às pastagens. Eles fizeram um exercício prático de testar essas ferramentas, apontar falhas e indicar melhorias.
Evolução “A relação amadureceu nesses cinco anos e hoje eles estão bastante comprometidos com as soluções que estão sendo construídas para a pecuária”, afirma Patrícia Menezes, líder do projeto.
O pesquisador José Ricardo Pezzopane, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), tem atuado no desenvolvimento de uma ferramenta ligada à adubação de pastagens. O protótipo foi apresentado em forma de aplicativo para celular e recebeu contribuições dos stakeholders do Pecuária do Futuro.
Logo após o teste, ele fez uma breve apresentação técnica de como a ferramenta foi pensada e que resultados de pesquisa foram incorporados. Explicou que dados climáticos foram obtidos de diferentes estações e em períodos diferentes. “As condições para adubação em São Carlos e São José do Rio Preto, por exemplo, são diferentes. O acúmulo de água no solo e as temperaturas mudam. A ação do adubo será diferente também”, explicou.
Thiago Santos, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), disse que os próximos passos de sua atividade no Pecuária do Futuro incluem definir a resolução mínima das imagens para que a tecnologia do uso de drones para o manejo de pastagens seja colocada em operação no campo. “Pode parecer uma tecnicalidade, mas é algo muito importante para saber que tipo de aeronave vai conseguir cobrir as áreas dos pequenos, médios e grandes produtores”, explicou.
Nos últimos meses, o desenvolvimento da tecnologia avançou com a melhoria das estimativas, ampliação da base de dados e a chegada de nova integrante com experiência em processamento de imagens e visão à equipe. “A gente também começou a investigar algumas ideias de como encontrar representações para imagens que sejam mais fáceis de fazer estimativas de biomassa”, afirmou.
Sandra Nogueira e Gustavo Bayma, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP), apresentaram, em reunião, um sistema que utiliza imagens de satélite para calcular o volume de biomassa nos pastos. O protótipo foi um dos três testados pelos stakeholders do projeto Pecuária do Futuro. “A ideia já havia sido previamente discutida com um dos stakeholders por videoconferência, muita informação a gente trouxe já direcionada”, disse Bayma.
Durante o evento, segundo ele, foi possível verificar o quanto as informações anteriores obtidas do produtor rural se aproximavam da realidade do gestor da fazenda. “Todas as sugestões apresentadas aqui foram válidas, houve uma aceitação muito grande e uma complementação de informações que, do ponto de vista de quem está lá no campo, vai facilitar a tomada de decisão”, afirmou. Essa tem sido a lógica do projeto Pecuária do Futuro desde antes de sua concepção. A proposta nasceu a partir de uma consulta aos stakeholders, em 2014.
Opção “escolha de cultivar” demorou um ano para ser concluída
Este ano, o aplicativo Pasto Certo chegou a sua versão 2.0, com um upgrade ao ser disponibilizado em versões trilíngues (português, inglês e espanhol); partir para formatos multiplataformas (dispositivos móveis e desktop); incorporação de cultivares forrageiras leguminosas (estilosanthes, guandu e arachis). Porém até o momento, a atualização que exigiu mais dedicação da equipe de pesquisadores foi a “escolha de cultivares para a implantação de pastagens”.
Para construí-la, os pesquisadores da área de produção vegetal da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS), ao redor de 17 profissionais de diferentes especialidades, reuniram-se presencialmente e levantaram 16 perguntas centrais sobre o tema, de forma empírica e com suporte da Unipasto, parceira da Embrapa e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), no desenvolvimento da ferramenta.
Lançada em junho, a publicação “Encontro de inovação em pastagens: relatório final” é um compilamento das principais ideias discutidas durante o evento, realizado em São Carlos, em outubro de 2017. O Documento 133 é de autoria de Patrícia Santos, Milena Telles, Cristiane Fragalle e mais 18 coautores.
O Encontro de inovação em pastagens foi uma das atividades do Projeto Pecuária do Futuro, alinhado de acordo com as expectativas e necessidades dos públicos de interesse para aumentar a sustentabilidade dos sistemas de produção animal brasileiros. Para conhecer as expectativas foi usada a metodologia de engajamento de stakeholders e de prospecção de demandas. Uma proposta inovadora.
Aplicativo orienta produtor na escolha da pastagem
O empresário colombiano Luís Fernando Velasquez, da empresa de sementes Campo Verde, começou a utilizar o aplicativo Pasto Certo, desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Unipasto, em 2018. A ferramenta permite o acesso, de forma rápida e integrada, às características das principais cultivares de forrageiras tropicais, lançadas pela Embrapa e outras de domínio público, com o propósito de ajudar o pecuarista na escolha da pastagem e tomadas de decisão.
Velasquez conheceu a ferramenta por meio de um amigo que estuda no Brasil. “A partir daí a tenho em meu celular. É uma ferramenta supremamente confiável, muito completa, amena e rápida, que recomendo a todos os clientes da consultoria para que conheçam os pastos que podemos importar do Brasil”, disse. Segundo ele, seus clientes se interessam por informações ligadas à produtividade e à agronomia de cada um de seus pastos. “No aplicativo estão bem completas, na parte de morfologia, na parte agronômica, na parte produtiva. Isso permite que eles possam comparar um pasto com outro. Dentro dos panicuns, podem comparar Mombaça com Tanzânia, e entre as braquiárias, Marandu com Piatã”, afirmou.
Publicação lançada no fim de 2018 pelo pesquisador Thiago Teixeira Santos e pelo analista Luciano Vieira Koenigkan, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), traz um passo a passo sobre como captar imagens com Veículos Aéreos Não-Tripulados (Vants), utilizar o OpenDroneMap (ODM) e produzir ortomapas, que são mapas elaborados a partir dessas imagens aéreas.
Thiago explica que a publicação “Produção de ortomapas com VANTs e OpenDroneMap” não apresenta novidades científicas, mas oferece um receituário sobre esses procedimentos, entre elas, como produzir in-house os ortomapas tão demandados pela Rede Embrapa de Agricultura de Precisão. “Os ortomapas não são meras colagens. Eles levam em consideração os contornos da área, reconstroem a superfície do terreno por projeções ortográficas”, explica.
A tecnologia do Blockchain vem atraindo a atenção de pesquisadores de todo o mundo e na Embrapa não é diferente. No segundo semestre de 2018, além de dois eventos sobre o tema realizados em São Carlos, uma publicação sobre a tecnologia foi lançada pela Embrapa Informática (Campinas-SP).
São
autores do Comunicado Técnico 130 Inácio Henrique Yano, Edgard Henrique dos Santos,
Alexandre de Castro, Stanley Robson de Medeiros Oliveira (todos da Embrapa
Informática), Ivan Bergier e Urbano Gomes Pinto de Abreu (Embrapa Pantanal) e Patrícia
Menezes Santos (Pecuária Sudeste).